O clássico livro "A montanha Encantada" pode ter relação com as "Três Pedras"

E se contarmos que o clássico da literatura infanto-juvenil "A montanha Encantada", de Maria José Dupré, pode ter relação direta com as Três Pedras. 

Pois é, o integrante da Academia Botucatuense de Letras (ABL), Olavo Godoy relata que traçar paralelos e fazer relações entre os mitos das Três Pedras e o livro não é algo surreal pois as ligações realmente são possíveis.

Segundo ele Dupré nasceu em Botucatu e já adulta retornou à cidade em visita e chegou a sugerir de maneira sutil as relações entre a obra literária e a formação rochosa de Bofete, porém que nos presenteia com uma visão privilegiada na Cuesta de Botucatu

Godoy acompanhou a visita de Dupré (que é autora do livro "A Ilha Perdida", obra mais vendida na história da Série Vaga Lume), à cidade e ainda se lembra que em seu discurso ela esclareceu que parte considerável de sua produção literária destinada ao público infantil foi baseada em suas vivências na cidade dos bons ares e das boas escolas.

Porém, ela deixou claro que a produção literária destinada ao público adulto foi trabalhada usando sua experiência de vida na Capital paulista, São Paulo.

Godoy reforça a tese da relação entre a obra "A Montanha Encantada" e as "Três Pedras", esclarecendo que Dupré viveu boa parte de sua infância em sítios, chácaras e propriedades rurais de Botucatu.

Afinal de contas, sua família residiu durante anos no distrito de Vitoriana e passou também parte da juventude e infância em Botucatu. Para quem não sabe, a consagrada autora infantil morou na fazenda Bela Vista, onde o cenário é bastante similar ao retratado em suas obras literárias infanto-juvenis.

O livro "A montanha Encantada" trata da história dos cinco primos que observam luzes estranhas sobre uma montanha e partem para investigar o fenômeno. É quase impossível não relacionar isso aos mitos e lendas que rodeiam as Três Pedras.

O livro é famoso por ser o primeiro da série "Cachorrinho Samba", onde Dupré conta histórias em fazendas e áreas rurais.

Relação entre Frei Fidélis e a história do livro "A Montanha Encantada"

Porém, o que é importante esclarecer é que a obra literária de Dupré, antecede os trabalhos assinados por Frei Fidélis, trabalho esse que deu visibilidade ao redor das lendas das Três Pedras, e que criou a mitologia, envolvendo índios, cultos a satã, sumérios e outros elementos em torno das Pedras.

Fidélis chegou em Botucatu em 1952, e Dupré lançou a obra em 1945, ou seja sete anos antes do Frei iniciar seus estudos.

Entretanto, é importante ressaltar que as pesquisas do frei Fidélis tiveram início e foram baseadas em partes em relatos de moradores daquela região. Habitantes esses que já afirmavam vivenciar fenômenos estranhos como bolas de fogo ao redor das Pedras.

Portanto, podemos sim dizer que a obra de Maria José Dupré é anterior ao frei, porém não às lendas, podendo justificar a razão pela qual o livro “A Montanha Encantada” trate de luzes e cidades subterrâneas.

Lendas nas Três Pedras reforçam a tese

Para reforçar a tese de que o livro teria como base as Três Pedras, vale deixar claro que as lendas naquele local começaram a ganhar força no século XVIII.

A primeira lenda diz que no século XVIII padres Jesuítas foram cercados por indígenas na região das Três Pedras, e os religiosos com o propósito de proteger um tesouro que transportavam acabaram escondendo em uma caverna da região. 

Apesar dos esforços, eles foram mortos pelos selvagens e o ouro do tesouro se perdeu para sempre.

No livro “A Montanha Encantada”, os primos Oscar, Quico, Lúcia, Vera e Cecília, investigam uma estranha luz que surge sobre um morro e quando chegam ao local sentam em uma pedra que gira e derruba eles no interior de uma caverna cheia de pedras preciosas. O tesouro forma uma vila povoada de anões.

Maria José Duprê se destaca entre outros grandes autores nascidos ou que residiram em Botucatu por algum tempo, entre eles Alcides Nogueira, Francisco Marins, entre outros

Por Renato Fernandes