Cabo Bruno: o justiceiro do Jabaquara que exterminava tatuados e criminosos da periferia de São Paulo

Cabo Bruno: o justiceiro do Jabaquara que exterminava tatuados e criminosos da periferia de São Paulo


Cabo Bruno, ou melhor, Florisvaldo de Oliveira, é acusado de ter cometido mais de cinquenta assassinatos na periferia de São Paulo, durante os anos 1980. O ex-policial militar, nasceu no estado de São Paulo, em Uchoa, no dia 18 de novembro de 1958.

Cabo Bruno é considerado um justiceiro, apontado pela morte de diversos criminosos no bairro de Pedreira, na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo. O ex-policial geralmente atuava em suas folgas. 

O justiceiro passou a ser contratado por comerciantes para eliminar criminosos que prejudicavam seus estabelecimentos, na periferia da violenta São Paulo dos anos 1980. Na época, dizia-se que ele cometia os homicídios "por odiar marginais", entretanto depoimentos sugerem que algumas execuções foram motivadas pela aparência das vítimas. No período de sua atuação criminosa moradores diziam que "no tempo dele não havia tanta insegurança". 

Cabo Bruno sempre mudava as cores seus carros: Chevette, Maverick e Opala



Bruno dirigia vários carros em suas ações, os criminosos tremiam de medo sempre que viam o ex-policial a bordo de seu Chevette, Maverick ou um Opala. Para evitar a identificação o justiceiro mudava as cores do veículo periodicamente, e isso ajudou na criaçlão do mito que tornou Bruno um dos criminosos mais populares da época. 

A maioria dos assassinatos pelo qual foi acusado ocorreu em 1982, quando corpos crivados de balas eram encontrados na região do Jabaquara, gerando pânico geral na população.

Cabo Bruno não agia sozinho


Apesar da fama do indivíduo, Bruno geralmente não agia sozinho, segundo a Polícia Militar ao menos doze policiais, incluindo um capitão e um tenente, apoiavam a atuação do justiceiro estando presente em várias execuções na Zona Sul da cidade. 

Durante o andamento das investigações foi comprovado que o bando aparentemente era protegido pelo alto escalão da Polícia Militar. Porém, com o avanço do trabalho investigativo na coleta de pistas e provas, toda a corporação passou a colaborar.

O justiceiro Julgava e matava muitas vezes baseado pelas aparências das vítimas

Cabo Bruno: o justiceiro do Jabaquara que exterminava tatuados e criminosos da periferia de São Paulo


Além disso, as investigações apontavam que muitas das execuções ocorreram com base apenas na aparência das vítimas. A Polícia Militar explica que um homem foi assassinado por ter tatuagem de uma pequena cruz no pulso. Isso ocorreu porque na crença do Cabo Bruno tatuagens indicam que a pessoa era um criminoso. Porém nesse caso a tatuagem tinha motivos religiosos. 

Cabo Bruno foi preso pela primeira vez, em 22 de setembro de 1983, após ser apontado como responsável por mais de vinte assassinatos, além disso foi reconhecido por diversas testemunhas. Apesar das acusações, na época, Bruno confessou apenas um, ocorrido em 6 de fevereiro de 1982, na favela do Jardim Selma, onde foi denunciado e apontado como assassino pelo amigo de um sobrevivente.

O sobrevivente era José Aparecido Benedito, que após tomar um tiro, fingiu-se de morto e conseguiu escapar da morte certa.

Com o passar dos anos, Cabo Bruno acabou assumindo a autoria de vinte assassinatos, e segundo uma das esposas do justiceiro, sendo que, muitas delas, foram colocadas na conta dele. A mulher afirma que tinha gente que matava e se apresentava como Cabo Bruno, e ele assumia, "pois não faria muita diferença".

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Cabo Bruno passou por 12 julgamentos, sendo condenado a 113 anos de prisão. Em um dos julgamentos vários policiais compareceram ao tribunal para pressionar a favor de Bruno, porém a quantidade de provas não deixava dúvidas sobre a autoria.

Cabo Bruno conseguiu fugir três vezes, a última delas em 30 de maio de 1991, onde ficou detido na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, São Paulo. 

Cabo Bruno virou evangélico

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Na prisão Cabo Bruno se converteu, tornando-se evangélico e pedia para não ser mais chamado de Cabo Bruno, apelido que recebeu na infância em Catanduva, como uma provocação dos colegas comparando-o a um alcoólatra das redondezas chamado Bruno. Mesmo assim, a mãe passou a chamá-lo apenas assim. 

O Artista justiceiro - Na cadeia, o ex-justiceiro passou a pintar telas e em 1998, foi realizada em São Paulo uma exposição de óleos sobre acrílico de sua autoria. 

Em julho de 2008, se apresentou como pastor na capela ecumênica da penitenciária. Casou-se nesta capela por uma dona de casa que fazia trabalho voluntário na penitenciária. No seu trabalho como pastor, tem Lindemberg Alves, que havia sido condenado a 90 anos de prisão, pelo assassinato de Eloá e por mais de onze crimes cometidos durante o período do cárcere privado da vítima, como um de seus seguidores.

No ano seguinte, em 2009, após cumprir um sexto da pena, pediu a conversão para o regime semiaberto, porém o Ministério Público Estadual solicitou uma avaliação psicossocial criminológica. A avaliação foi desenvolvida em duas etapas com pareceres favoráveis à progressão de pena, que foi concedida em 19 de agosto do mesmo ano.

Cabo Bruno: o justiceiro do Jabaquara que exterminava tatuados e criminosos da periferia de São Paulo



Apesar do benefício ter sido negado a ele as saídas temporárias, o benefício só foi liberado a partir de 2017, por considerar seu histórico de fugas. Foi em 22 de agosto de 2012, que a Justiça de Taubaté concedeu-lhe a liberdade, após o justiceiro cumprir 27 anos de prisão. 

Além do parecer do promotor, que se baseou em lei que prevê a liberdade definitiva para presos com bom comportamento e com cumprimento de prisão superior a vinte anos, documentos com elogios de funcionários e da própria direção da penitenciária quanto à sua conduta na unidade reforçaram a decisão.

Cabo Bruno plastificou o alvará de soltura e o carregava sempre com ele. Junto ao alvará ele levava ainda uma lista de dez sonhos que gostaria de realizar antes de morrer. 

O ex-detento reclamava que: "Nas minhas fugas, eles (a polícia) sempre me paravam", e em tom de brincadeira completava. "Agora, que tenho o alvará, ninguém me para mais."

Bruno foi morto a tiros um mês após sair da cadeia

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Pouco mais de um mês após ganhar a liberdade, Cabo Bruno foi assassinado sendo alvejado por aproximadamente vinte tiros, dados por dois homens. O homicídio do matador ocorreu no bairro Quadra Coberta, em Pindamonhangaba.  O crime ocorreu por volta das 23h30 de 26 de setembro de 2012, quando Bruno retornava de um culto religioso celebrado no município de Aparecida. Ele estava acompanhado por parentes, que nada sofreram.

Informações da Polícia Militar, apontam que a dupla chegou a pé e atirou contra ele, sem anunciar nenhum assalto. Próximo ao local do crime foi visto um veículo, que possivelmente foi utilizado pelos atiradores na fuga. 

Sem pistas sobre os autores da execução, o crime passou a ser investigado pela Polícia Civil. Cabo Bruno morreu na mesma hora, no local do atentado, não chegou nem, ao menos, a ser levado ao hospital. Peritos encontraram e recolheram cápsulas de uma pistola ponto 40 e de uma arma calibre 380 no local.

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