A pandemia paranóica pode ser pior que a Covid-19

A pandemia paranóica pode ser pior que a Covid-19


Hoje fui obrigado a ir ao banco e isso mostrou que a pandemia paranóica pode ser pior que a Covid-19. Vou explicar: antes porém tentei pagar os boletos na lotérica e após 15 minutos na fila escuto que o sistema de pagamento de boleto estava fora do ar.

Fui paramentado. Máscaras, luvas, álcool em gel no bolso e tudo o mais. Um dos boletos era de meu aluguel e a multa por atraso é de quase R$ 100 decidi procurar outra lotérica.

No caminho cruzo com uma senhora negra que tosse de maneira descontrolada há uns três ou quatro metros de distância, sem pensar duas vezes corto volta para passar o mais longe possível dessa tosse.

Interrompo meu caminho bruscamente para fazer o contorno das gotículas provenientes da tosse da senhora e escuto o grito:

- Seu racista Filho da Put4. Vai desviar da mãe, seu lazarento

Ignoro, pois eu sei em meu íntimo que meu problema na ocasião eram as gotículas, não tinha relação nenhuma com cor de pele. Mas se pareceu isso para a senhora não iria tentar me explicar, deixa que xingue. Cada cabeça uma sentença.

Chego à segunda lotérica e vou logo ao caixa, para me informar se o sistema daquela lotérica estava funcionando para boletos  e escuto de um jovem nos seus 25 anos mais  ou menos.

- Olha aqui meu amigo, vc não tem cara de 60 anos para furar fila não. Vai para a fila.

Finjo que não é comigo e aguardo a atendente me informar que o sistema está fora do ar desde hoje cedo. 

Ignoro o jovem, ele tem razão, não deixa de ser falta de educação eu passar à frente, mas eu só queria uma informação. Se o sistema estivesse funcionando eu iria para a fila.

Chego ao banco e um funcionário me orienta, para ir até um fila que era destinada para o caixa comum, monta uma outra fila ao lado para o atendimento no caixa eletrônico e uma terceira para quem vai falar com gerente. Todas com o devido distanciamento obrigatório instituído pela atual norma estadual.

Chegou a minha vez, fico na fila até ser chamado, porém a fila do caixa eletrônico começa a andar mais rápido e uma senhora começa a reclamar no meu ouvido.

- Ei? Você não ta vendo que a outra fila tá indo mais rápido? Porque não nos chamam logo? Fala para o funcionário aí da porta que nós estamos a mais tempo na fila.

Explico a situação para a senhora e ela me responde: - Você é um banana, deixando todo mundo passar na sua frente. Ignoro, com essa senhora realmente não valia a pena discutir.

Antes ainda de ser chamado, aparece um outro funcionário do banco e vem falar comigo: 

-Você já tem o nosso aplicativo? 

Explico que não, que meu celular é antigo e não roda esse aplicativo pesadíssimo do banco. E que não quero ligar a conta do banco à meu celular.

- Mas o que você esta fazendo na fila, qual serviço vai usar? Questiona o funcionário.

Relato que vou pagar três boletos que não podem atrasar. O funcionário volta a falar:

-Com o aplicativo você paga no caixa eletrônico me dá seu celular que vou tentar instalar.

Digo que não. Já estava a meia hora na fila e que queria mesmo era ser atendido no Caixa físico porque o boleto não poderia atrasar e quanto antes fizesse o pagamento antes cairia na conta da imobiliária.

O funcionário volta a tentar me seduzir - Você sabe que estamos em período de quarentena e se evitar o caixa físico é melhor, vamos tentar pagar no Caixa eletrônico.

A hora que penso em mandar o funcionário tomar naquele lugar o outro funcionário, aquele que estava organizando a fila me entrega a senha e manda eu entrar. E assim faço, ignorando completamente o funcionário do caixa eletrônico.

Já dentro do banco, na área de atendimento uma senhora que estava aguardando parecia que tinha sido vacinada com agulha de vitrola, não parava de falar.

Conversou com uma mulher que estava ao lado até essa mulher ser atendida. Então, começou a conversar com um senhor que estava à frente sem dar espaço para a outra pessoa nem responder, e assim fez até esse senhor ser atendido.

Então essa senhora veio conversar comigo e eu ignorei. Mas não adiantou ela insistiu. Olhei para ela e disse:

-Com todo o respeito amiga, mas essa doença pega com a saliva e é melhor a gente conversar o mínimo possível. Por favor fale com outra pessoa.

- Seu mal educado. Nem queria conversar com você mesmo. Onde já se viu? Tenho idade para ser sua avó e não me respeita.

Ela saiu de perto e foi reclamar de mim para outra meia dúzia de pessoas que estavam na fila e fez isso até ser convocada para o atendimento.

Fui chamado em seguida. O caixa que me atendeu estava com uma certa dificuldade para contar o dinheiro pois estava com o braço quebrado.

Percebeu que o boleto era da imobiliária e começou a relatar como se acostumou a morar em um apartamento depois de morar anos em uma casa. Contou o dinheiro com dificuldade e eu finalmente consegui pagar a minha conta.

Conclusão: Esse isolamento social não é para os fracos e ser antissocial é mais difícil do que parece.

Bom deixa eu parar de escrever essa crônica porque estou fazendo almoço e acho que meu arroz acabou de queimar e o dia ainda está pela metade.

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Renato Fernandes Jornalista com ampla experiência, antes de ingressar na redação do Segue Rumo passou por importantes meios de comunicação da cidade onde reside (Botucatu), como Diário da Serra (20 anos), folha Serrana, Folha Regional, Revista O Lojista, blog O Grito Notícias, Solutudo. Experiente no jornalismo web e formado em Análise em Mídias Digitais e ampla experiência em SEO atuando ainda na redação, edição, revisão de textos, e produção de conteúdo para o Youtube


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