Conheça o serial killer José Paz Bezerra, ou melhor, o Monstro do Morumbi


José Paz Bezerra, mais conhecido como o Monstro do Morumbi, responde por mais de 20 homicídios de mulheres, nos estados de São Paulo e Pará e ganhou popularidade internacional por atacar principalmente no bairro do Morumbi, em São Paulo. 

Bezerra foi preso e condenado a mais de 60 anos de prisão, e chegou a cumprir pena no presídio de São José, porém, como no Brasil a pena máxima é de 30 anos, ele acabou sendo libertado em 2001.

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O serial killer que levou terror ao então bairro nobre de São Paulo nasceu em Alagoa Nova, no interior do estado da Paraíba em 1945 e era o principal responsável por seu pai que sofria de hanseníase. 

Morava em situação de extrema pobreza e por essa razão sua mãe passou a se prostituir, para garantir o sustento da família. Com a morte do pai e em busca de melhores oportunidades, Bezerra, a irmã e sua mãe mudaram-se para a cidade do Rio de Janeiro, e foram morar em uma das favelas da cidade.

No Rio de Janeiro a mãe de Bezerra acabou se relacionando com um homem que não tolerava a prostituição da agora esposa. E foi aos 10 anos que o garoto que viria a se tornar o Monstro do Morumbi decide fugir de casa, virando morador de rua.

Para ganhar uns trocados ele vendia balas na estação Central do Brasil, na adolescência ele passa a cometer pequenos delitos, o que o levou a instituições correcionais diversas vezes. Isso ocorreu repetidas vezes até o jovem chegar à maioridade e completar dezoito anos.

Tinha um perfil violento e para conter essa fúria alimentada pela pobreza o Monstro do Morumbi decidiu que iria virar soldado e alistou-se no Exército Brasileiro. Porém a natureza criminosa não abandonava o rapaz e mesmo seguindo carreira militar foi acusado de pequenos furtos, desertou e até o final da década de 1960, nenhuma notícia foi ouvida sobre o destino de Bezerra, a família sabia apenas que ele ainda estava em São Paulo.

O Monstro do Morumbi começa a atacar em São Paulo

Foi em julho de 1970 que José Paz Bezerra se tornou o monstro assassino, foi nesse mês que ele cometeu seu primeiro homicídio registrado pela Polícia. Tudo aconteceu no dia 16, quando a professora de meia idade, Iolanda Pacheco, de 36 anos, chamou um táxi na Rua Augusta. 

Ela foi atendida por um motorista de casaco e cachecol que ao invés de deixá-la no endereço solicitado, anunciou que a levaria ao Morumbi. Iolanda ficou assustada, abriu a porta do táxi, com o veículo em movimento e pulou para fora do veículo. Em seguida Iolanda foi até a Delegacia de Polícia mais próxima e relatou o ocorrido e apesar da denúncia e da elaboração do retrato falado, os agentes não conseguiram identificar o criminoso.
Porém esse não foi um fato isolado, em 19 outubro de 1970, uma enxurrada de denúncias anônimas chegou à Central Policial, dando conta de que o corpo de uma mulher estava abandonado em um terreno baldio no bairro Real Parque, região do Morumbi.
O cadáver estava a um quilômetro do Palácio dos Bandeirantes, semi-nua, amordaçada com o próprio sutiã e com seus braços e pernas amarrados com pedaços de meias de nylon que também envolvia parcialmente o corpo e a região do pescoço. Naquele dia, José Paz Bezerra se transformou no Monstro do Morumbi; ele havia matado a mulher estrangulada com as meias de nylon.
O crime apresentava uma situação de extrema violência, o rosto da vítima estava coberto por hematomas, ela estava praticamente irreconhecível.
O pior entretanto ainda estava para acontecer, enquanto os peritos analisavam o local e faziam o levantamento de provas os agentes encontraram uma segundo corpo, também de mulher com um modo operante igual ao anterior, ela foi assassinada nas mesmas condições do primeiro cadáver. 
O Instituto de Identificação Criminal do estado de São Paulo conseguiu identificar as vítimas através das impressões digitais, a primeira vítima era Nilza Cardoso (23 anos) e a segunda Wanda Pereira da Silva (27 anos).
Porém, as atividades homicidas não acabaram por aí, e seguiram até o mês de setembro com outros corpos de vítimas, assassinadas sempre nas mesmas condições de extrema violência apareceram na Grande São Paulo.


Apenas em julho foram localizadas três outras vítimas, todas mulheres:

- 19 de julho de 1970: Cleonice Santos, operária, 23 anos. Encontrada em um terreno baldio no Km 23 da Via Anchieta São Bernardo do Campo;
- 20 de julho de 1970: Ana Rosa dos Santos, 47 anos, doméstica. Encontrada em um terreno baldio no Km 23 da Via Anchieta, São Bernardo do Campo;
- 25 de julho de 1970: Vilma Négri, 35 anos, telefonista. Encontrada em um terreno baldio no Jardim Bonfiglioli, Butantã;
A frieza do assassino chamava a atenção das autoridades policiais. Ele assassinava as vítimas estrangulada e em seguida as abandonava em terrenos baldios sempre da mesma maneira: nuas, amordaçadas, pés e mãos amarrados com pedaços das roupas e com indícios de estrangulamento e violência sexual.


Com a investigação dos crimes um fato assustador e aterrorizante foi constatado pela perícia, ele violentava as vítimas sexualmente após elas já estarem mortas.
Em um primeiro momento José Paz Bezerra foi apelidado pela imprensa como o "Estrangulador de São Paulo", os jornalistas o comparavam com outro criminoso que atacava mulheres nos anos de 1950 e que ficou conhecido popularmente como "Monstro de Guaianases".
Os investigadores policiais trabalhavam incansavelmente na tentativa de identificar o assassino que assustava São Paulo, nenhuma pista do estrangulador era encontrada até que em 7 de outubro de 1970. Um furto em uma mansão do Itaim-Bibi, as pistas apontavam que o criminosos era o copeiro, que furtou jóias avaliadas em 20 mil cruzeiros e desaparecerem seguida.
A esposa do copeiro, Aparecida de Oliveira, era empregada doméstica e foi interrogada, ela denunciou o marido e revelou aos policiais que seu companheiro era o assassino, a partir desse ponto Bezerra passou a ser procurado e recebeu dos policiais a alcunha de Monstro do Morumbi. 
Os agentes, passaram então a investigar Bezerra e após um trabalho incansável, que varou noites e dias envolvendo investigadores de São Paulo e Rio de Janeiro, a polícia enviou nota à imprensa revelando em 14 de outubro, a identidade do Monstro do Morumbi.
O responsável pelo estupro e morte das cinco mulheres em São Paulo foi descoberto. O assassino era egocêntrico, em buscas na casa que ele dividia com a esposa foram encontrados recortes de jornais sobre o caso e troféus, ou melhor pertences das vítimas como roupas, brincos,colares, entre outros.


O material encontrado na casa do monstro foi reconhecido pelas famílias das vítimas. A partir desse ponto, Aparecida se tornou peça chave para o caso, durante interrogatório ela relatou que em outubro de 1969, o casal morou na Vila Mangalot, próximo da Via Anhanguera e nessa época, duas mulheres foram encontradas mortas pela polícia naquela região:
A primeira delas foi encontrada em 7 de outubro de 1969, tratava-se de Cenira Camorim, uma professora de 44 anos, que foi encontrada em um terreno próximo ao Km 14 da Via Anhanguera. A outra vítima foi localizada dias depois, em 18 de outubro: a vendedora de café, de 40 anos, Alzira Montenegro, que foi localizada no mesmo terreno da vítima anterior.  Com Alzira, o Monstro do Morumbi agiu diferente, ele a assassinou com um tiro.
Percebendo que a casa havia caído e que seria capturado em pouco tempo, Bezerra foge para a Guanabara, e se refugia na casa de sua mãe e irmã. A polícia realizou buscas no estado, mas não o encontrou, Bezerra havia simplesmente desaparecido.
O assassino foi procurado pelas polícias de São Paulo, Guanabara e Pernambuco, neste último estado a base da investigação era relato de testemunhas, que afrimavam que o viram circulando pela cidade de Recife). As buscas foram estendidas também para os estados de Ceará e Paraíba (seu estado natal).


O Monstro do Morumbi ataca no Pará

A fuga de Bezerra não foi nada espetacular, na verdade ele se utilizou de um método bastante simples, ele pegava carona com caminhoneiros e desse modo ele conseguiu se deslocar do Rio de Janeiro, para o Belém do Pará, fuga que ocorreu em novembro de 1970.  
No Pará ele continuou a cometer crimes seguindo o mesmo padrão. As autoridades encontraram três corpos.
Em 23 de dezembro de 1970, Maria Teresa Marvão, professora, 44 anos, foi encontrada no terreno da estação da rádio da Marinhado Brasil, em Nova Marambaia. No mesmo terreno e dia os policiais encontraram um outro corpo, esse não identificado em um poço.
No dia 27 de setembro, de 1971, a comerciária Anibalina Martins, foi localizada em um terreno baldio na Estrada de Benfica, altura do município de Benevides;
Entre um crime e outro, o Monstro do Morumbi não conseguiu executar duas de suas vítimas, elas sobreviveram. Uma delas conseguiu fugir, a outra passou a viver com o assassino até sua prisão.

O Monstro do Morumbi é preso

A prisão do assassino acontece em Belém do Pará no dia 9 de novembro de 1971, quando a polícia suspeitou de um homem com o nome de Gilberto José Oliveira, cópias da documentação desse cidadão foi encaminhada ao Instituto de Identificação Félix Pacheco do Rio de Janeiro, onde a empregada doméstica e primeira esposa do Monstro do Morumbi o identificou.
Após a confirmação da identidade, Bezerra foi preso e conduzido ao Presídio São José, em Belém. Na cadeia, no mês de novembro, o assassino tentou se suicidar. Durante os interrogatórios O Monstro do Morumbi confessou ter estuprado e assassinado 24 mulheres entre os anos de 1966 a 1971.
Apesar de tantos casos de homicídio Bezerra foi condenado pelo assassinato de apenas 7 mulheres, sua pena ultrapassou mais de cem anos de prisão. Os primeiros anos de detenção ele cumpriu em Belém, e em 1979 ele foi transferido para São Paulo onde cumpriu o restante da pena. ele foi libertado aos 56 anos de idade, em novembro de 2001, após passar 30 anos atrás das grades. 

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Renato Fernandes


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