Padre Landell de Moura, provável inventor do rádio morou em Botucatu

Padre Landell de Moura, provável inventor do rádio morou em Botucatu


Conheça a trajetória do padre Roberto Landell de Moura, inventor do rádio, telefonia sem fio, telégrafo sem fio e o transmissor de ondas, e descubra como foi sua atuação em Botucatu onde morou e deixou um legado marcante. Saiba como suas invenções revolucionaram as comunicações e como enfrentou desafios e incompreensões durante sua estadia na cidade.

Vale esclarecer que, no ano de 1901, a patente do rádio foi registrada pelo italiano Gugliermo Marconi, porém, pouco se sabe sobre o padre gaúcho Roberto Landell de Moura, que realizou uma transmissão pioneira em 1894, na capital paulista, antes mesmo de Marconi. 

Infelizmente, Landell não recebeu apoio de empresários nem de autoridades para patentear sua invenção. Além disso, enfrentou perseguições e teve seus projetos destruídos, acusado de estar em conluio com o demônio. 

Padre Landell de Moura brilhou nos Estados Unidos, conquistando três cartas-patentes que consagraram seu talento inventivo. Após esse período de reconhecimento internacional, ele foi designado pelo bispo Dom José Camargo de Barros para trabalhar em Botucatu. Entre os meses de março e novembro de 1905, o padre-cientista dirigiu a paróquia da cidade, segundo registros na Cúria Metropolitana de São Paulo.

No entanto, a mudança para Botucatu não foi fácil. A cidade não possuía energia elétrica, um elemento crucial para o desenvolvimento de suas experiências em telecomunicações. Naquela época, o vilarejo, com ruas não pavimentadas e sem água encanada, onde a população dependia de bicas para obter água. O estilo de vida local era significativamente diferente e atrasado em relação aos grandes centros urbanos, como Campinas e São Paulo.

Os desafios de padre Landell em Botucatu

Padre Landell de Moura, provável inventor do rádio morou em Botucatu



Apesar desses desafios, Padre Landell não abdicou de seus ideais científicos nem de sua fé católica. Durante seu período em Botucatu, ele não apenas dirigiu a paróquia, mas também proferiu sermões condenando veementemente os comportamentos lascivos, os vícios e o desrespeito às normas da igreja, como registrado no jornal Correio de Botucatu. A revista literária paulistana Álbum Ilustrado descreveu-o como alguém com "um coração pródigo de benevolência e amor, e inteligência aberta ao progresso da ciência".

Apesar das limitações locais, a cidade de Botucatu não impediu que o Brasil entrasse oficialmente na era das comunicações sem fio enquanto Padre Landell estava lá. Em 1893 o padre, cientista e engenheiro gaúcho Roberto Landell de Moura testa a primeira transmissão de fala por ondas eletromagnéticas, sem fio que possibilitou à Marinha brasileira,  testes de mensagens telegráficas no encouraçado Aquidaban, em 01 de março de 1905

Durante seu tempo em Botucatu, Padre Landell também recebeu a visita do governador do Estado de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga, como relatado no jornal A Platéa e replicado em O Botucatuense. A modéstia e a genialidade do padre-cientista foram destacadas nos textos, que previram um futuro alimentado por "grandes e incalculáveis recursos".

As dificuldades não fizeram o padre Landell abandonar seus ideais

Mesmo enfrentando dificuldades e vivendo como um desterrado, Padre Landell não abandonou seus ideais científicos nem sua fé. Em 8 de fevereiro de 2011, descobriu-se no Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo que Padre Landell apresentou uma petição solicitando recursos do Estado para introduzir seu aparelho de rádio, inédito no mundo, e um novo sistema de telegrafia sem fio no mercado nacional.

Na sessão de 16 de dezembro de 1905 da então Câmara de Deputados do Estado de São Paulo (atual Assembleia Legislativa), a petição do Padre Landell foi lida. O Correio de Botucatu, em sua edição de 21 de dezembro, publicou: "Diz o peticionário que se pode telegraphar e telephonar a grandes distâncias, servindo-se de ondas luminosas ou ondas aéreas." O jornal apoiou a petição, afirmando que Padre Landell era um "trabalhador infatigável" e que os poderes públicos deveriam auxiliá-lo em seu nobre comprometimento.

A petição, escrita de próprio punho por Padre Landell, foi selada, assinada e acompanhada de um dossiê com recortes de jornais que publicaram reportagens sobre seu pioneirismo, incluindo o New York Herald, dos Estados Unidos. Além disso, havia uma tradução juramentada dos pareceres de técnicos norte-americanos sobre a importância e utilidade das invenções.

Padre Landell utilizou um argumento patriótico para sensibilizar os parlamentares paulistas. Ele destacou que, apesar de as patentes das invenções lhe pertencerem, elas também pertenciam ao Brasil. Caso não recebesse o auxílio pretendido, as invenções deixariam de ser brasileiras, pois quem lhes dá vida não é apenas o inventor, mas aqueles que colocam em prática suas descobertas.


Boa articulação política não garantiu apoio ao padre

Os desafios de padre Landell em Botucatu



Segundo o padre-cientista, as patentes envolviam dois sistemas de telegrafia e dois de telefonia, todos funcionando sem fios condutores. Seus aparelhos podiam transmitir mensagens "a grandes distâncias, servindo-se de ondas luminosas ou elétricas". Ele ressaltou que o uso do telégrafo e do rádio por meio de um feixe de luz seria muito apropriado para conectar os extremos de uma cidade extensa, principalmente em tempos de agitações, além de estabelecer comunicações recíprocas.

Embora Padre Landell tenha feito essa petição, é importante destacar que suas esperanças de obter apoio e recursos para suas invenções não se concretizaram como previsto. Infelizmente, ele não recebeu os recursos necessários para industrializar suas invenções e continuou enfrentando dificuldades em divulgar e desenvolver suas criações no Brasil.

Apesar das adversidades enfrentadas durante seu período em Botucatu, o legado de Padre Landell de Moura como um gênio das telecomunicações continua vivo até os dias de hoje. Sua genialidade e contribuições para o campo das comunicações sem fio são reconhecidas mundialmente, e sua passagem pela cidade deixou uma marca indelével na história de Botucatu e do desenvolvimento das comunicações no Brasil.

Padre Landell de Moura um inventor à frente de seu tempo

Padre Landell de Moura um inventor à frente de seu tempo



Padre Landell de Moura foi um homem à frente de seu tempo, cujas invenções e ideias visionárias abriram caminho para o avanço das telecomunicações. Embora suas contribuições não tenham recebido o reconhecimento merecido em vida, seu legado permanece como um testemunho de sua genialidade e perseverança.

Hoje, reconhecemos o Padre Landell de Moura como um dos grandes cientistas e inventores brasileiros, cujo trabalho pioneiro e visão revolucionaram a forma como nos comunicamos. Sua passagem por Botucatu marcou um capítulo importante em sua jornada e na história da cidade.

Botucatu teve a honra de receber o talento e o espírito inovador do Padre Landell de Moura, mesmo que por um período relativamente curto. Sua presença na cidade deixou um legado valioso e inspirador, mostrando que grandes mentes podem surgir mesmo em contextos desafiadores.

Que a história de Padre Landell de Moura e suas realizações continuem sendo lembradas e celebradas, não apenas em Botucatu, mas em todo o Brasil, como um exemplo de criatividade, dedicação e coragem para desafiar o status quo e buscar o progresso em todas as áreas do conhecimento.

Surpreendentemente, esse visionário brasileiro também previu a televisão e as comunicações interplanetárias, deixando um legado impressionante à frente de seu tempo.
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