Aumento nos casos de Covid-19 no Brasil acende alerta junto a médicos infectologistas

Aumento nos casos de Covid-19 no Brasil acende alerta junto a médicos infectologistas


Nas últimas semanas, o aumento dos casos de Covid-19 chamou a atenção de organizações médicas no país, que têm emitido alertas para a necessidade de incrementar as taxas de vacinação e reforçar o uso de máscaras e distanciamento social. Segundo o infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor na Faculdade de Medicina da Unesp, campus Botucatu, o aumento se deve, principalmente, pela circulação da subvariante BQ.1 do coronavírus, derivada da variante ômicron, que apresenta maior grau de transmissão.

Nesse sentido, no dia 11 de novembro, a SBI, por meio do Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias (CCCIR), publicou uma nota técnica na qual cobra, do Ministério da Saúde, da CONITEC e da ANVISA, ações urgentes para aprimorar as medidas de prevenção e de tratamento da doença. As medidas têm como objetivo diminuir o risco de novos picos, que podem acarretar alta no número de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados.

Na nota, o primeiro ponto cobrado pela SBI é referente ao incremento de taxas de vacinação, especialmente das doses de reforço. Apesar de 80% da população brasileira, ou 168.229.358, terem completado o ciclo básico, composto por duas doses ou a dose única,  Naime destaca que a taxa é de menos de 40% quando é analisada a adesão às doses de reforço (D3 e D4). Segundo dados do portal Vacinômetro Covid-19, do Ministério da Saúde, aproximadamente 100 milhões de pessoas tomaram uma dose de reforço. Esse número cai para menos de 37 milhões, ao considerar indivíduos que tomaram a D3 e a D4. E aproximadamente 69 milhões de pessoas sequer chegaram a tomar a primeira dose de reforço.

Doses de reforço são fundamentais


O infectologista associa a baixa adesão às doses de reforço com uma queda na percepção de risco, dado os números baixos de internação e óbitos dos últimos meses. “A população deixou de ter aquela percepção de maior gravidade da doença, achando que não corria mais risco. Mas, infelizmente, há um risco aumentado da doença, devido à alta circulação do vírus. Isso se deve por conta da BQ.1 ser mais transmissível e por sua capacidade de evasão do sistema imune, aliado ao fato de que a última dose de vacina, principalmente para os grupos mais vulneráveis, já foi há muito tempo”, comenta.

Sobre o esquema vacinal, Naime lembra, “quem tem menos de 40 anos deve ter 3 doses: duas do esquema básico mais uma de reforço. Já para pessoas acima de 40 anos é necessário o esquema básico mais dois reforços. Por fim, para pessoas com imunossupressão, o esquema básico são 3 doses mais duas de reforço”. O infectologista destaca a importância de estar com todas as doses de reforço para diminuir a chance de evolução da doença para internação e óbito. Além disso, Naime também reafirma que completar o esquema vacinal é essencial para aumentar a efetividade das vacinas, em particular, contra a variante BQ.1. Entretanto, lembra que, mais eficazes que as doses de reforço, são as vacinas chamadas bivalentes, desenvolvidas especificamente para as novas variantes do coronavírus.

A aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração foi outra das solicitações da SBI, emitida na nota. Estas são uma versão atualizada da vacina, que promovem uma maior proteção contra as variantes do coronavírus. “Ela se chama bivalente porque contém antígenos que geram anticorpos para as duas cepas, tanto para a original, quanto para a ômicron. É por isso que elas são mais efetivas”, comenta Naime.

No começo do segundo semestre, as vacinas bivalentes começaram a ser distribuídas em alguns países, como no Reino Unido e no Canadá. Em agosto de 2022, a farmacêutica Pfizer enviou um pedido de autorização de uso emergencial da nova vacina. 

O processo desde então segue em análise junto à Anvisa. Em sua última atualização, publicada em 16 de novembro, a Anvisa informou que as análises técnicas da vacina estão em fase final. Entretanto não há previsão para sua implementação no Brasil.

Outra medida apontada é a garantia de aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos, independentemente da presença de comorbidades. A nota também reitera a importância de iniciar a circulação e utilização de medicações já aprovadas pela ANVISA para o tratamento e prevenção da covid-19. O pedido já havia sido feito em nota técnica anterior, publicada em 05 de outubro de 2022. Nela, a SBI descreve a ação de todos os fármacos aprovados até o momento, assim como suas datas de aprovação. A maior parte das medicações recebeu a aprovação há mais de 6 meses, entretanto sua distribuição e utilização pelos setores públicos e privados ainda não está sendo realizada de maneira concreta.

O uso de máscara volta a ser apontada como medida preventiva


Por fim, é reforçada a importância da adoção de medidas de prevenção não farmacológicas, como o uso de máscaras e o distanciamento social. Estas medidas já haviam sido interrompidas, dado a baixa de casos em agosto, setembro e outubro, o que facilitou a transmissão do vírus. Isso se reflete na alta de casos registrados no Brasil nas últimas semanas. Segundo dados do Painel CONASS – COVID-19, até o momento o mês de novembro registrou um aumento de aproximadamente 40 mil casos notificados, em comparação ao mês de outubro completo.

Naime relembra que estamos próximos de grandes eventos, como a Copa do Mundo da FIFA, as férias e as festas de final de ano, ocasiões que geram muitas aglomerações. Nesse sentido, o infectologista reforça a necessidade do uso de máscaras e distanciamento social, assim como a necessidade das doses de reforço da vacina. Em São Paulo, a USP, Unesp e Unicamp já retomaram a obrigatoriedade das máscaras em ambientes fechados, entretanto não há indícios dos governos estaduais e municipais para retomar a obrigatoriedade em transportes públicos e demais locais fechados.

Por fim, o pesquisador também critica a falta de articulação do governo federal. “Onde há uma lacuna do poder público central, as sociedades organizadas, como são as nossas instituições científicas, têm que atuar. Como sociedade médica, a SBI passou a cobrir espaços que o governo federal não cobre. Nós estamos tentando fazer um papel que é do ministério da saúde que é, justamente, colocar essas medidas em prática”, diz Naime.

Do Jornal da Unesp

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