Aos que chegam agora eu explico; sou um calado contador de histórias que assistiu a virada do um milênio e várias previsões de final dos tempos. Levo a rotina com muita vida em meus anos, sem pensar em ser unânime, porém prudente e seletivo.
Aos que realmente estão chegando agora, antecipo; sou de trato difícil, porém de coração mole e compreensão distorcida da realidade. Antecipo a época e revivo o futuro, consciente de que o passado é reflexo de nosso presente e somos aquilo que atraímos.
Ao que chegam agora, peço com carinho, puxe um banquinho e compreenda que realmente não devemos nos preocupar com o mundo que nos abriga, mas com o mundo que estamos deixando.
Aos que chegam agora relato causos de amigos do passado e que estão ainda hoje aos nossos lados... Na lembrança. Companheiros da BR sem estadia eira ou beira, aos estabelecidos e bem sucedidos, aos distantes e próximos, aos ricos de dinheiro e milionários de sentimento.
Aqueles que chegam agora saúdam os que já se foram e discutem como poderíamos mudar o mundo sem alterar a nossa cômoda realidade. Puxo na memória um tempo já esquecido onde o aperto de mão era mais forte que o clicar no mouse.
Ao que chegam agora não citarei minha idade, mas saiba! Trilhei caminhos obscuros para alcançar verdejantes jardins, andei por estradas de tijolos amarelos para me decepcionar com a embriagante visão da parede. Não me arrependo dos erros, me orgulho dos acertos e tenho convicção que o importante é a chegada. Apenas ela, com a bagagem de anos cheios de vida me darão histórias, causos que levarão a dúvida aos filhos e virarão lendas para os netos.
Aos que estão se aproximando agradeço. Aos que apenas passam lamento, pois o importante é puxar o banquinho e chegar, mesmo que seja só agora.
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