Objetos que refugiados levam consigo ao fugir da violência é tema de trabalho fotográfico


O fotógrafo Brian Sokol trabalhou nos últimos sete anos, com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no projeto de retratos de refugiados chamado “A Coisa Mais Importante”, e revela ao público os objetos que refugiados levam consigo ao fugir da violência

O trabalho recorre a imagens e entrevistas, e revela a angustiada decisão que famílias enfrentam quando são forçadas a fugir de suas casas. 

De acordo com o órgão da ONU as coisas que esses refugiados levaram consigo mostram elementos de suas vidas e culturas. Fornece evidências sobre as circunstâncias em que fugiram.

Alguns refugiados fugiram sem nenhum tipo de preparo. Outros tiveram semanas ou meses para analisar as opções. Até que o perigo crescente finalmente os forçou a deixar suas casas. O trabalho já consultou mais de 60 refugiados de seis diferentes países

Para o fotógrafo enquanto essas impressionantes imagens iluminam as experiências de pessoas forçadas a fugir, elas também desafiam os espectadores a pensarem sobre o que eles levariam consigo se tivessem que fazer uma viagem tão perigosa. a seleção abaixo apresenta nove deles

“Isso traz um pouco de alívio para minhas tristezas”



Omar segura um buzuq, ou alaúde de pescoço comprido — a coisa mais importante que ele conseguiu levar para o campo de refugiados de Domiz, na região do Curdistão, no Iraque. Omar decidiu que era a hora de deixar sua casa em Damasco, a capital síria, na noite em que seus vizinhos foram assassinados.

“Os assassinos foram para a casa deles e esfaquearam selvagemente meu vizinho e seus dois filhos”, lembrou ele. Omar diz que tocar o buzuq o “enche de nostalgia” e o faz lembrar de sua pátria. “Por um curto período, isso me traz algum alívio de minhas tristezas”.

Para garantir a segurança de seus filhos, essa jovem mãe teve que equilibrá-los


Vários meses antes da imagem acima, frequentes bombardeios forçaram Dowla e seus seis filhos a fugir de sua vila no estado de Blue Nile, no Sudão. O objeto mais importante que ela conseguiu levar foi o poste de madeira equilibrado sobre o ombro.

Ela o usou para transportar seus seis filhos durante a jornada de dez dias até o campo de refugiados de Doro, no condado de Maban, no Sudão do Sul. Às vezes, as crianças estavam cansadas demais para caminhar, o que a obrigava a carregar duas de cada lado.

Duas rodas e um tanque de gasolina garantiram a segurança de Abdou


A família de Abdou fugiu do Mali depois que sua mãe e quatro outras mulheres foram sequestradas, levadas para o deserto e baleadas. Quando Abdou soube do que aconteceu, ele esperou até anoitecer e escapou com sua esposa e dois filhos para o deserto.

Ele retornou para enterrar sua mãe alguns dias depois. A coisa mais importante que Abdou levou com ele foi a motocicleta em que ele está sentado no retrato de família acima, tirado em março de 2013 do lado de fora do abrigo no campo de refugiados de Mentao, em Burkina Faso.

Depois de enterrar sua mãe, Abdou colocou sua mulher e seus filhos em um carro, e ele e seu pai seguiram na moto, que ele diz ter salvado suas vidas.

“Foi um presente do meu pastor no dia do meu batismo”


Elizabeth diz que sua Bíblia é a coisa mais importante que levou consigo quando fugiu da guerra em Angola. É a única coisa que tem daquela jornada de 52 anos atrás.

“Foi um presente do meu pastor no dia do meu batismo”, diz ela. Apesar de ter encontrado segurança no país agora chamado República Democrática do Congo (RDC), ela diz que viver no exílio tem sido difícil.

Mãe de sete crianças, ela está separada há anos de vários membros de sua família, e luta contra o sentimento de que não tem realmente um lar. “Nesse mundo, coisas ruins acontecem, mas na Bíblia você pode encontrar palavras que te ajudam”.

“A cabra me traz esperança”


Aboubacar deixou o Mali com sua esposa e dois filhos em uma carroça de burro, levando consigo uma única cabra. Ele diz que, além das roupas que estava usando e um pouco de dinheiro, a cabra era a única coisa que não poderia deixar para trás.

“A cabra me traz esperança, alegria e uma sensação de que as coisas podem mudar para melhor”, diz Aboubacar, que foi fotografado com sua família perto de seu abrigo no campo de refugiados de Goudebou, em Burkina Faso. Ele também diz esperar que o animal sinalize para os demais que ele tinha uma boa condição no Mali.

Uma panela pequena para carregar, mas suficiente para alimentar a família


Magboola e sua família resistiram a ataques aéreos por vários meses, mas decidiram que era hora de deixar sua aldeia de Bofe, no estado do Blue Nile, no Sudão, na noite em que os soldados abriram fogo.

Com suas três filhas, ela viajou por 12 dias de Bofe para a cidade de El Fudj, na fronteira do Sudão do Sul. A coisa mais importante que conseguiu levar foi a panela que ela segura nessa fotografia, tirada no campo de refugiados de Jama, no condado de Maban, no Sudão do Sul.

A panela era pequena o suficiente para poder viajar com ela, e grande o suficiente para cozinhar o sorgo para si e para suas três filhas durante a jornada.

“Enquanto eu tiver o Alcorão comigo, estou conectada com Deus”


Iman, na foto com seu filho Ahmed e sua filha Aishia no campo de refugiados de Nizip, na Turquia, deixou sua casa em Alepo depois de meses de conflito. Ela sentiu que tinha que fugir quando ouviu relatos de soldados assediando sexualmente as mulheres de sua cidade.

A jornada da Síria para a Turquia foi cheia de perigos, e Iman perdeu cinco familiares. A coisa mais importante que ela conseguiu levar com ela foi o Alcorão que ela segura na fotografia acima. Ela diz que o Alcorão lhe traz proteção. “Enquanto eu tiver o Alcorão comigo, estou conectada com Deus”.

“Quero estudar para que eu possa ser alguém”


Fideline segura um dos livros escolares que conseguiu salvar quando fugiu com sua família, embarcando em uma viagem pelo rio Oubangi, da República Central Africana para Batanga, na República Democrática do Congo.

A gota d’água foi quando a adolescente e suas amigas viram um empresário ser executado. Fideline se lembra de ter gritado quando corria para casa. Seu pai decidiu que eles tinham que sair imediatamente de lá.

“Eu não podia levar minha mochila escolar, meus sapatos ou as fitas coloridas para o meu cabelo, mas trouxe meus cadernos e minha caneta”, diz a estudante. “Sofremos muito”, completa, acrescentado: “eu quero estudar para que possa ser alguém”.

“Meu pai me deu seu paletó para me manter aquecido”


Sebastian tinha 7 anos na noite em que sua família, que fugiu da guerra da independência de Angola, chegou ao país agora conhecido como República Democrática do Congo. Quase 60 anos depois, ele lembra que “estava frio, e meu pai me deu seu paletó para e manter aquecido”.

“Eu o estava vestindo quando cruzamos a fronteira. Quando vejo esse paletó, até mesmo agora enquanto estamos falando sobre isso, penso em Angola. O dia em que eu puder voltar para Angola, vou vestir esse paletó e lembrar de meu pai. Vou vesti-lo porque agora eu também sou um pai”.

Com informações da Agência ONU

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